Avaliação Inicial do Impacto das Medidas de Confinamento do Estado de Emergência na Primeira Onda da Epidemia de COVID-19 em Portugal

2 November, 2020

Estimados amigos do HIFA-PT:

Compartilhando artigo científico recentemente publicado na Acta Médica Portuguesa (AMP).

Título: Avaliação Inicial do Impacto das Medidas de Confinamento do Estado de Emergência na Primeira Onda da Epidemia de COVID-19 em Portugal

Autores: Vasco RICOCA PEIXOTO, André VIEIRA, Pedro AGUIAR, Carlos CARVALHO, Daniel RHYS THOMAS, Alexandre ABRANTES

Fonte: Acta Med Port 2020 Nov;33(11):733-741

Disponível em: <https://doi.org/10.20344/amp.14129>

Palavras-chave: COVID-19; Infecções por Coronavírus; Pandemia; Portugal; Quarentena; SARS-CoV-2

Nota: o texto completo está disponível em inglês somente

Resumo:

Introdução: Portugal tomou cedo medidas para controlar a epidemia de COVID-19, impondo medidas de confinamento a partir de 16 de março, quando registava apenas 62 casos de COVID-19 por milhão de habitantes e nenhuma morte. Os portugueses seguiram as recomendações reduzindo sua mobilidade em 80%. O objectivo deste estudo foi estimar o impacto do confinamento em Portugal com foco na redução do impacto nos serviço de saúde. Material e Métodos: Fizemos previsões para as curvas epidémicas de casos, internamento hospitalares (geral e em unidades de cuidados intensivos) e óbitos sem confinamento, assumindo que o impacto das medidas de contenção começaria 14 dias após o início das medidas. Utilizámos modelos de alisamento exponencial para óbitos, internados em cuidados intensivos e total de internados e um modelo ARIMA para número de novos casos. Os modelos foram selecionados considerando adequação aos dados observados até 31 de março de 2020. Em seguida, comparámos as curvas observadas (com intervenção) e previstas (sem intervenção). Resultados: Entre 1 e 15 de abril houve 146 menos mortes (-25%), 5568 menos casos (-23%) e, em 15 de abril, houve 519 menos internamentos em unidades de cuidados intensivos (-69%) e 508 menos doentes no total de internados (-28%) do que o previsto sem confinamento. Em 15 de abril, o número de pacientes internados na unidades de cuidados intensivos poderia ter atingido 748, três vezes maior que o valor observado (229) se a intervenção tivesse sido adiada. Discussão: Se o confinamento não tivesse sido implementado em meados de março, a capacidade de unidades de cuidados intensivos em Portugal (528 camas) teria provavelmente sido ultrapassada na primeira quinzena de abril. O confinamento parece ter sido eficaz na redução de infeções, doença grave e mortalidade associada, diminuindo a procura de serviços de saúde. Conclusão: Um confinamento antecipado permitiu comprar tempo para o Serviço Nacional de Saúde mobilizar recursos e adquirir equipamentos de proteção individual, aumentar a capacidade de testar e realizar rastreio de contactos, preparar-se para um aumento da procura hospitalar e de unidades de cuidados intensivos e promover amplas medidas de prevenção e controlo. Ao levantar medidas mais restritivas será importante manter uma vigilância epidemiológica e estratégias de comunicaçao robustas que mobilizem comportamentos individuais preventivos.

Saudações,

Eliane Santos - Moderadora HIFA-PT